Com Pablo e William, Bom Sucesso vai além de abordagem comum aos gays na TV

Bom Sucesso
Rafael Infante (Pablo) e Diego Montez (William) em Bom Sucesso; casal gay ganha destaque na novela das 19h (Imagens: Reprodução / Globo)

Bom Sucesso é digna de todos os elogios. Trama, elenco, direção e produção. Há tempos o horário das 19h não apresentava uma novela tão “redondinha”; não à toa, a audiência está correspondendo a contento. No capítulo desta quinta-feira (24), mais um ponto a favor do folhetim de Rosane Svartman e Paulo Halm: o romance de Pablo (Rafael Infante) e William (Diego Montez).

Pablo é ator de TV; acabou de concluir as gravações de Precipício de Amor, na qual dividiu a cena com Silvana Nolasco (Ingrid Guimarães) e Virgínia Alcântara (Suzana Pires). Conheceu William casualmente, durante passagem pela Editora Prado Monteiro. O relacionamento ficou “restrito ao armário”: a orientação sexual, fatalmente, causaria prejuízos à imagem do famosinho.

Os dois se afastaram quando Pablo, diante da possibilidade de curtir férias ao lado de William, optou por viajar, sozinho, ao Caribe. A proximidade do Ano Novo – o tempo narrativo de Bom Sucesso difere do “tempo real” –, influenciou o editor a buscar pela reaproximação. Os dois então se encontraram no Bar do Peter Pan, que Marcos (Romulo Estrela) mantém em Búzios.

Só que Pablo, uma vez mais, optou pelos prazeres solitários. Ignorou William, que afogou as mágoas no karaokê, e foi curtir a noite de bebedeiras e de flertes com dois bonitões interessados em aplicar o “Boa noite Cinderela” – golpe no qual, durante uma investida “romântica”, uma das partes acaba dopada e saqueada pela outra, criminosa.

William sacou a ameaça em torno de Pablo e salvou o amado dos dois bandidos. No dia seguinte, o ator se redimiu, confirmando o interesse em, e também a fuga de, um relacionamento sério. Relações homoafetivas não costumam causar, na TV, discussões do tipo. Os dramas de um casal homo, assim como de um casal hetero, acabam em segundo plano, em prol de debates como o da homofobia. Ou, como aconteceu durante um bom tempo, o tal beijo gay.

Rafaela (Christiane Torloni) e Leila (Silvia Pfeifer), de Torre de Babel (1998), e Tereza (Fernanda Montenegro) e Estela (Nathalia Timberg), de Babilônia (2015), foram rejeitadas pela audiência. Todos os dilemas que atormentavam os respectivos casais – como irmãos e filhos desajustados – foram praticamente “esquecidos”. Ivana (Carol Duarte), homem trans gay de A Força do Querer (2017), não foi a fundo no envolvimento com Cláudio (Gabriel Stauffer).

Com as cenas de hoje, Paulo Halm, Rosane Svartman e equipe trazem à cena os dilemas do gay que fogem de compromisso não só por medo como também pelo deslumbramento com essa antiquada aura de “farra” que sempre cercou o “meio”. Algo que também acontece com heterossexuais, mas que – aqui faço uso do meu lugar de fala – soa mais complicado para gays, por conta de encanações acerca de rejeição e solidão, comuns ao gênero.

O acerto de Pablo e William em Bom Sucesso é potencializado pelos bons desempenhos de Rafael Infante e Diego Montez. O êxito deste último é tamanho que os autores decidiram poupá-lo da morte prevista na sinopse. Sinal de aprovação por parte do público. E, tendo o sinal verde da audiência, nada melhor do que investir, com respeito e responsabilidade, nos personagens e no assunto.

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Duh SeccoDuh Secco
Duh Secco é  "telemaníaco" desde criancinha. Em 2014, criou o blog Vivo no Viva, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.