Pela primeira vez, Silvio de Abreu comentou sobre as acusações de Stênio Garcia. O ator, demitido da Globo no início da pandemia, no ano passado, acusou o ex-diretor de ter prejudicado a sua vida dentro da emissora.
VEJA ESSA
As desavenças entre Stênio e Silvio teriam se iniciado na década de 60, quando o ator se separou da ex-mulher, a atriz Cleyde Yáconis. Amigo da famosa, o ex-diretor teria “tomado as dores” dela.
Em 2012, Abreu assumiu a direção de dramaturgia da Globo e, desde então, Stênio nunca mais trabalhou em obras completas. Desde a sua saída da TV da família Marinho, o artista rasgou críticas ao ex-chefe.
“Não sei por que o senhor Stênio Garcia resolveu vir a público dizer que eu é que o tinha dispensado, falando que eu tinha raiva dele”, contou o autor em entrevista à Veja. “O que mais me revoltou na história é que ele não era escalado porque diretores não queriam”, disse.
Segundo o veterano, a falta de trabalho de Stênio foi motivada por um procedimento estético mal avaliado pelos diretores da casa. “O Stênio tinha feito uma plástica e o rosto dele mudou muito”, falou.
No bate-papo, Silvio de Abreu abriu o jogo sobre o politicamente correto dentro das telenovelas. “A sociedade mudou. As pessoas agora não têm a menor tolerância: não aceitam qualquer coisa que possa parecer agressiva para determinado grupo. Isso está limitando as possibilidades de escrever novelas”, opinou.
O ex-global citou A Próxima Vítima, novela escrita por ele em 1995. “Recebo críticas até por cenas que criei em A Próxima Vítima. Havia uma situação em que um homem batia numa mulher, mas ela não era agredida por machismo, e sim por ser bandida. Hoje, isso já teria outra conotação”, explicou.
“Mas então não poderemos mais mostrar… E o Vento Levou por que os escravos eram maltratados? Vai apagar toda a história e fazer com que daqui para a frente tudo seja politicamente correto? É uma radicalização burra”, avaliou.
