Desde março, pessoas do mundo todo incluíram duas palavras em seu vocabulário: “pandemia” e “coronavírus”. Enquanto vacinas ainda estão em fase de testes, o distanciamento social é essencial para conter a disseminação do vírus. E, assim como todos os outros setores, a televisão brasileira também sente os reflexos da ausência de contato.
VEJA ESSA
Pensando nisso, esta coluna do RD1 faz um retrospecto daquilo que já mudou – e o que promete ser diferente – na televisão brasileira em função dos protocolos adotados para preservar a saúde dos profissionais, convidados e plateia. Vamos a eles:
Efeitos especiais na dramaturgia
No momento, as gravações de novelas inéditas estão suspensas, mas as emissoras já se dedicam à criação de protocolos que viabilizem o retorno aos estúdios.
Mas como garantir que os casais se beijem em plena pandemia? Esta é uma tarefa que, a partir de agora, também é responsabilidade das equipes de efeitos especiais.
Assim, a intenção é a de que os atores envolvidos gravem a cena separadamente. Em Portugal, por exemplo, uma atriz beijou uma bola de tênis. Depois, o uso do chroma Key possibilita a inserção de elementos por computação gráfica.
Vale lembrar que o uso da tecnologia implicará em mais tempo para a finalização dos capítulos. Essa necessidade vai ao encontro da decisão da Globo em voltar a gravar Amor de Mãe e Salve-se Quem Puder nos próximos meses, mas só exibi-las em 2021.
Plateia virtual na televisão brasileira
Diante da recomendação de se evitar aglomerações, o que fazer com a plateia dos programas de auditório? Lá no início da pandemia, Faustão chegou a apresentar uma edição do Domingão sem plateia.
Agora, meses se passaram e a solução encontrada pelos canais de TV foi a plateia virtual. O pioneirismo da iniciativa é do SBT, que recorre a estratégia no Programa do Ratinho, Programa Eliana e Domingo Legal, entre outros.
Como parte dessa estratégia, monitores passaram a ocupar os lugares das cadeiras nos estúdios. Pré-gravadas, as reações dos participantes são trocadas conforme o quadro que está no ar.
Único programa de entretenimento da Globo a retornar aos estúdios até agora, o Caldeirão executou a mesma ideia de uma outra forma. A imagem dos convidados aparece no telão e eles assistem a gravação em tempo real, podendo interagir com Luciano Huck.
Plásticos e bolhas
O SBT também surpreendeu ao criar um traje de plástico, que permitiu um abraço entre Eliana e Narcisa (Tiago Barnabé). Mesmo com todas as precauções, no entanto, a apresentadora contraiu coronavírus.
Com o retorno de Eliana ao trabalho, não se sabe se a estrutura voltará a ser utilizada ou o contato físico será descartado.
Já a equipe de A Fazenda 2020, por sua vez, colocará as pessoas que estarão na plateia dentro de uma bolha. Elas estarão ao redor de uma passarela, pela qual o apresentador Marcos Mion irá caminhar.
Apresentadores em casa
Por conta da pandemia de coronavírus, os apresentadores da TV brasileira passaram a gravar conteúdo direto de casa. Ana Maria Braga, por exemplo, chegou a gravar suas entradas para o Encontro direto de sua fazenda, no interior de São Paulo.
Já no caso de Faustão, o que chamou a atenção dos telespectadores foi sua luxuosa coleção de carrinhos. No Caldeirão, um dos cachorros de Luciano Huck roubou a cena quando invadiu uma das cabeças do programa.
Recentemente, Carlos Alberto de Nóbrega também gravou uma edição de A Praça é Nossa direto de sua casa. Foi a primeira vez que o humorístico seguiu essa dinâmica desde a sua estreia.
Entrevistas e participações remotas
Não só os apresentadores dão expediente em casa. A televisão brasileira, de um modo geral, passou a apostar em entrevistas e participações remotas.
É assim, por exemplo, que os convidados participam do Encontro ou do Conversa com Bial, na Globo. No SBT, essa tem sido a estratégia do Programa da Maísa.
Reprises e mais reprises
Por fim, na impossibilidade de produzir conteúdo inédito, a TV brasileira se transformou em um grande concorrente para o Canal Viva. Em outras palavras, as emissoras se viram diante da necessidade de recorrer a reprises e mais reprises.
A Globo, em uma atitude inédita, interrompeu a gravação de todas as suas novelas. A solução encontrada foi preencher as lacunas com reexibições.
Na primeira leva, Fina Estampa, Totalmente Demais e Novo Mundo foram os títulos escolhidos. Agora já se tem a certeza de que uma nova trinca vem aí. Até o momento, A Força do Querer e Haja Coração tiveram retorno confirmado.
Na linha de shows, destaque para a reexibição precoce de Cine Holliúdy. Às terças, a série de Letícia Colin fará dobradinha com Tapas & Beijos, também tirada da gaveta.
No SBT, a vaga de Poliana Moça ficou com Chiquititas. Uma das mais longas novelas da TV brasileira, está indo ao ar pela terceira vez em um intervalo de sete anos.
No entretenimento, o inédito Topa ou Não Topa deu lugar às edições antigas do Máquina da Fama. Ambas as atrações capitaneadas por Patrícia Abravanel.
A Record, por sua vez, resgatou do seu arquivo as bíblicas Apocalipse e Jesus. No humor, a grande – e inesperada – surpresa foi o regresso do Show do Tom à grade.
Isso sem falar nos programas de auditório de todas as suas emissoras, que dedicam boa parte de suas edições a vasculhar os seus arquivos. Alguns, como o Domingão do Faustão, foram mais felizes nessa retrospectiva. Outras produções parecem ter trabalhado na base do piloto automático.
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Piero Vergílio é jornalista profissional desde 2006. Já trabalhou em revistas de entretenimento no interior de SP e teve passagens pelo próprio RD1. Em tempos de redes sociais, criou um perfil (@jornalistavetv) para comentar TV pelo Twitter e interagir com outros fãs do veículo. Agora, volta ao RD1 com a missão de publicar novidades sobre a programação sem o limite de 280 caracteres.