Confronto com presidenciáveis atesta atualidade do “JN”, que completa 49 anos hoje

William Bonner e Renata Vasconcellos sabatinaram candidatos à presidência da República no “Jornal Nacional” desta semana (Imagem: Divulgação / Globo)

As entrevistas com presidenciáveis que dominaram o “Jornal Nacional” de segunda-feira (27) a quinta-feira (30) fizeram ressurgir a relação de “amor e ódio” dos brasileiros com o telejornal de maior audiência do país.

Partidários de Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PSL), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede) se mostraram indignados com o tom pesado de Renata Vasconcellos e William Bonner; já os contrários aos candidatos vibraram com as “bordoadas”, no estilo “quanto mais, melhor!”.

A verdade é que ao dividir os eleitores o “JN” demonstra consonância com o país polarizado de hoje. Acusado de alinhar-se ora à esquerda, ora à direita, o telejornal foi extremamente apartidário nas entrevistas. Bateu com a mesma intensidade em todos os candidatos, fortalecendo o estilo já adotado – e criticado – em 2014.

Ao partir para o confronto, o “Jornal Nacional” tirou os presidenciáveis do eixo. Trata-se de um teste de paciência e de competência dos políticos, longe da previsibilidade do roteiro de debates e programas de campanha.

Evidente que há, sempre, os de boa memória, no afã de rememorar que este mesmo “Jornal Nacional” agora partindo para a “luta armada” contra os presidenciáveis, “baixou a guarda” para a ditadura militar. Na terça-feira (28), Jair Bolsonaro, usou do apoio de Roberto Marinho e seus veículos de comunicação ao golpe de 1964 para tentar desestabilizar Renata e Bonner, remetendo ao circo midiático que fez sua fama – em programas do gênero, como o “Superpop” (RedeTV!) e o “Pânico na Band” – e norteou sua participação no noticiário.

A Globo já partiu para o mea-culpa há tempos, mas jamais conseguirá desvincular o telejornal, que completa 49 anos neste dia 1º de setembro, dos equívocos cometidos ao longo de sua trajetória – como o “abafamento” dos comícios das Diretas Já, em 1984, e edição de debate Fernando Collor x Lula, em 1989. Entre acertos e erros, o “Jornal Nacional” está, em todo esse tempo, espelhando a realidade do país, mesmo que, parafraseando a Globo, “milhões de uns” vejam “maquiagem” – aquele tom tendencioso na cobertura de determinados temas.

Fato é que o “JN” ainda é fundamental para a TV brasileira. Em tempos de “fake news” e de sites aliados a um ou outro candidato, o espaço ofertado pela Globo – a maior emissora de TV aberta do Brasil – em seu principal telejornal, e as investidas de Renata Vasconcellos e William Bonner nos convidados, só fez favorecer o debate político. Embora considerado partidário, o canal contribuiu com a democracia, gostem ou desgostem do tom. O único senão: manda a boa educação que quando uma pessoa fala, a outra aguarda; Renata e Bonner, neste sentido, falharam vez ou outra.

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Duh Secco é “telemaníaco” desde criancinha. Em 2014, criou o blog “Vivo no Viva”, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.

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Duh Secco é  "telemaníaco" desde criancinha. Em 2014, criou o blog Vivo no Viva, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.