Atualmente voltada à produção de novelas infantis e em vias de estrear “As Aventuras de Poliana“, a dramaturgia do SBT guarda em seus arquivos as mais variadas e interessantes sinopses que nunca foram produzidas. Bráulio Pedroso, Vicente Sesso, Tiago Santiago e Walcyr Carrasco são exemplos de autores que deixaram textos inéditos no canal.
Muitas dessas histórias chegaram a ter atores escalados para o elenco – e muitos deles são grandes nomes da TV, como Lilia Cabral, Mel Lisboa, Suzy Rêgo, Marília Pêra, Paulo Autran e Tônia Carrero. Na maioria dos casos, as histórias foram esquecidas pelo alto custo de suas produções.
Confira:
“O Super Poder do Amor” e “Mariana e o Lobisomem”, de Tiago Santiago
Em 2009, Tiago Santiago foi contratado pelo SBT para ajudar a emissora a construir um novo núcleo de dramaturgia. O autor, que já havia escrito “Prova de Amor” (2005) e “Os Mutantes” (2008) na Record, conseguiu emplacar duas novelas na emissora, o remake de “Uma Rosa com Amor” (2011) e a inédita “Amor & Revolução” (2011).
Quando deixou o canal, em 2013, Tiago havia concluído o roteiro de duas novelas inéditas: “O Super Poder do Amor”, uma comédia sobre crianças e jovens super-poderosas que combatem vampiros alienígenas, e “Mariana e o Lobisomem”, que teria muitas cenas de aventura e magia.
Apesar de investir no gênero infantil há alguns anos, o SBT nunca cogitou produzir as obras deixadas por Santiago. Atualmente, o autor luta na Justiça para reaver os seus projetos, e afirma que o canal tem até dezembro de 2018 para utilizar os roteiros.
“Palácio das Águias”, de Therezinha di Giácomo
Consultora de teledramaturgia do SBT e amiga de Silvio Santos, Therezinha di Giácomo (1934-2009) deixou 30 capítulos escritos de uma novela chamada “Palácio das Águias” antes de falecer. A sinopse da trama nunca chegou a ser divulgada pela imprensa, mas o título da narrativa remete ao Palácio das Águias no Espírito Santo, um dos principais marcos da colonização, construído no século XIX.
A autora Íris Abravanel cogitou escrever a história assim que terminou os trabalhos de “Revelação” (2008). Na época, a esposa de SS afirmou ter se encantado com a sinopse, que, segundo ela, era “belíssima e tinha grande potencial”. A escritora, no entanto, acabou produzindo a adaptação da novela mexicana “La Mentira” em seu trabalho seguinte, “Corações Feridos” (2012), e “Palácio das Águias” segue na gaveta da emissora.
“A Outra”, de Henrique Zambelli
Em 2004, o SBT encomendou ao autor Henrique Zambelli a adaptação da novela mexicana “A Outra”, que havia sido produzida pela Televisa em 2002. A trama substituiria “Canavial de Paixões” (2003) no horário nobre da emissora e estava com vários atores escalados.
Mel Lisboa interpretaria as sósias Carlota e Cordélia, enquanto o mocinho Álvaro seria vivido por Cláudio Heinrich. A atriz Françoise Forton também estava sendo sondada para o papel da vilã Bernarda. Cercada de mistérios e segredos do passado, a trama acabou sendo cancelada pelo alto custo de sua produção.
A emissora avaliou que a construção dos cenários, principalmente o que previa um orquidário em uma fazenda, seria inviável na época, e decidiu exibir a versão original da história, que acabou derrubando a audiência de “Canavial” em 4 pontos. Meses mais tarde, a emissora decidiu produzir “Seus Olhos” (2004), adaptação de “La Gata”, considerado um roteiro mais barato.
“Segredo”, de Walcyr Carrasco
Walcyr Carrasco fazia parte do time de autores do SBT quando escreveu o roteiro de “Xica da Silva” (1996), na TV Manchete, sob o pseudônimo de Adamo Rangel. Como acordo, Silvio Santos encomendou a produção de duas novelas ao dramaturgo, mas apenas “Fascinação” (1998) foi produzida. Antes de ser contratado pela Globo, no entanto, Walcyr deixou um folhetim inteiramente escrito no SBT.
Com o título provisório de “Segredo”, a trama conta a história de João Paulo, um playboy que aceita se casar com uma moça humilde do interior para não ser deserdado pelo avô milionário. Apesar de se relacionar com a moça por interesse, o rapaz acaba se apaixonando de verdade por ela. A trama também possui um núcleo de uma pensão, cenário usado pelo Walcyr em várias novelas na Globo.
Como Carrasco não poderia acompanhar a produção do folhetim, por conta de sua saída da emissora, o autor chegou a adaptar a trama que seria de época para os dias atuais, o que facilitaria sua produção, mas o SBT decidiu nunca produzir a história.
“A Pantera”, de Vicente Sesso
Depois do sucesso de “Éramos Seis” (1994), o SBT viveu uma fase ruim em sua dramaturgia e passou a cortar o investimento de suas novelas. Por conta disso, a sinopse de “A Pantera”, do dramaturgo Vicente Sesso, foi engavetada pela emissora, que avaliou que cada capítulo da produção custaria em torno de R$ 80 mil.
A trama rural seria protagonizada por Suzy Rêgo, Paulo Autran (1922-2007) e Tônia Carrero (1922-2018), além de Marília Pêra (1943-2015), que havia sido contratada pelo SBT para interpretar a grande vilã da história. Com o engavetamento da trama, a emissora anunciou a produção de “Pérola Negra” (1998), que teve uma produção mais barata.
No ano seguinte, quando o contrato de Marília Pêra estava chegando ao fim, a emissora de Silvio Santos chegou a anunciar que começaria a produzir a trama, sob a direção de Marcos Schechtman, mas acabou desistindo do projeto, já que o contrato de Pêra estaria pesando no orçamento final da trama.
“Mariana: A Menina de Ouro”, de Flávio de Souza
Criador de sucessos como “Mundo da Lua” (1991) e “Castelo Rá-Tim-Bum” (1994), da TV Cultura, Flávio de Souza foi contratado pelo SBT em 1993 para escrever uma novela infanto-juvenil na emissora. A sinopse de “Mariana: A Menina de Ouro” foi bem avaliada pela direção do canal, que planejou produzir o folhetim na faixa das 20h30.
A trama conta a história de uma menina que tinha que lidar com as constantes brigas de seus pais, que seriam interpretados por Mira Haar e José Rubens Chachá, enquanto passava a maior parte do seu dia com a empregada da casa, papel destinado a Denise Fraga.
Na época, a emissora havia convidado Lilia Cabral, Angelina Muniz, Lucélia Santos, Marisa Orth, Nuno Leal Maia, Etty Fraser e Ary França para o elenco. A trama teria a direção de Fernando Meirelles, mas acabou não sendo produzida.
“Caubói”, de Bráulio Pedroso
Em 1990, sob encomenda do diretor Walter Avancini, Bráulio Pedroso (1931-1990) – autor da inovadora “Beto Rockfeller” (1968), apresentou à emissora de Silvio Santos a sinopse de “Caubói”, uma novela que narra a história de um humilde lavrador que se torna um rico criador de cavalos.
A trama abriria um novo horário de novelas da emissora, na faixa das 19h, e ganhou status de superprodução nos bastidores. Até mesmo o renomado cineasta Roberto Farias havia sido contratado para produção, mas por questões financeiras a trama acabou ficando só no papel.
“Caubói” seria a última novela de Bráulio na TV. O autor morreu em agosto do mesmo ano, deixando a sinopse da trama na “gaveta” do SBT.
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Daniel Ribeiro cobre televisão desde 2010. No RD1, ao longo de três passagens, já foi repórter e colunista. Especializado em fotografia, retorna ao site para assinar uma coluna que virou referência enquanto esteve à frente, a Curto-Circuito. Pode ser encontrado no Twitter através do @danielmiede ou no [email protected].