“TV Globinho”, “Por Amor”, “Coração de Estudante” e “Desejos de Mulher”: a Globo em 23 de agosto de 2002

Gloria Pires e Regina Duarte, como Júlia e Andréa, em cena de “Desejos de Mulher” (Imagem: Divulgação / Globo)

Há 16 anos, a Globo colocava o ponto final em “Desejos de Mulher”, conturbada produção das 19h, de início claudicante e fim “satisfatório”. Concebida para “reavivar” a faixa, após a também problemática “As Filhas da Mãe” (2001), a trama de Euclydes Marinho fez o público correr em seus primeiros meses de exibição; acabou, contudo, recuperando a audiência, após sucessivas reformulações; do distanciamento das protagonistas Andréa Vargas (Regina Duarte) e Júlia Moreno (Glória Pires) aos “memes” – numa época em que ninguém sabia o que este termo significava – de Regina na fase Andréa “desmemoriada”, então vítima da vilã Selma (Alessandra Negrini). A mesma Regina, aliás, que fazia sucesso em “Vale a Pena Ver de Novo”, com a reprise de “Por Amor” (1997).

Relembre estas e outras curiosidades da grade de programação da emissora naquela 23 de agosto… Sim, sei que hoje já é dia 24, mas… Tá valendo, né?

Rosana Jatobá, hoje na RedeTV!, apresentava o “Globo Rural” diário (Imagem: Divulgação / Globo)

Abrindo a programação, às 5h30, o “Telecurso 2000 – Profissionalizante”; na sequência, os módulos “2º Grau” (5h45) e “1º Grau” (6h00). Às 6h15, o “Globo Rural”, então em versão diária, apresentada por Rosana Jatobá, hoje na RedeTV!, com Evaristo Costa e Lúcio Sturm, atualmente na Record, na previsão do tempo. Tais atrações foram extintas em novembro de 2014, com a estreia do “Hora Um”. Após os jornais locais (6h30), Leilane Neubarth e Renato Machado conduziam o “Bom Dia Brasil” (7h15).

Ana Maria Braga à frente do “Mais Você”; apresentadora enfrentou câncer entre 2001 e 2002 (Imagem: Divulgação / Globo)

Ana Maria Braga, que começou o ano em tratamento contra um câncer no intestino, já estava alocada nas manhãs do canal. Naquele 2002, o “Mais Você” (8h05), sempre dedicado à cobertura do “BBB”, arregimentou o chef Thyrso Mattos, com passagem pela segunda temporada do reality-show – que, anos depois, deu as caras em atrações culinárias da Gazeta.

As apresentadoras da “TV Globinho”: Élida Muniz, Sthefany Brito, Graziella Schmitt, Geovanna Tominaga e Fernanda de Freitas (Imagem: Divulgação / Globo)

“Dizimada” por Fátima Bernardes em 2012, a “TV Globinho” (9h25) vivia seu apogeu. O compilado de desenhos tornou-se dependente do “Bambuluá” (2000) em janeiro; ganhou então o comando das atrizes Ana Carolina Dias, Élida Muniz, Fernanda de Freitas, Geovanna Tominaga, Graziella Schmitt e Sthefany Brito. Dentre as animações, destaque para os animes “Hamtaro” e “Yu-gi-oh”. Também independente ficou a segunda versão do “Sítio do Picapau Amarelo” (11h05) – então focada em reprises, na série intitulada Memórias do Picapau Amarelo. O texto, então restrito às adaptações de obras de Monteiro Lobato, passou a ser coordenado, no mês seguinte, por Walcyr Carrasco. No elenco, Cândido Damm (Visconde de Sabugosa), César Cardadeiro (Pedrinho), Dhu Moraes (Tia Nastácia), Isabelle Drummond (Emília), Lara Rodrigues (Narizinho) e Nicette Bruno (Dona Benta).

A dupla Carlos Nascimento e Carla Vilhena, do “Jornal Hoje”; ambos estão fora da Globo atualmente (Imagem: José Paulo Cardeal / Globo)

As edições do “Praça TV” entravam no ar às 11h35. Cedo, né? É que estávamos em época de “Horário Político” (13h00 e 20h30) – após o embate com José Serra (PSDB), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou à Presidência da República. Logo, toda grade foi adiantada. O “Globo Esporte” (12h05) contava com nomes como Alexandre Bacci, Mariana Becker e Mylena Ciribelli. A conquista do penta pela Seleção Brasileira, em julho, foi o grande destaque do noticiário esportivo em 2002. A dupla do “Jornal Hoje” (12h25), assim com Mylena – contratada pela Record em 2009 –, também não está mais na Globo: Carla Vilhena hoje dedica-se à internet; já Carlos Nascimento bate ponto no SBT.

Angélica fez do “Vídeo Game” um dos quadros de maior sucesso do “Vídeo Show”, na década passada (Imagem: Divulgação / Globo)

O “Vídeo Show” (13h50), conduzido por André Marques, recebeu Diogo Vilela e Ney Latorraca no quadro “Vídeo Game”, marco do vespertino na década passada. Ao longo da semana, Angélica viu Diogo chorar usando apenas sua técnica, no “Momento Uêpa”, e “Neyla” se fantasiar de Tina Pepper – personagem de Regina Casé em “Cambalacho” (1986) – no “Camarim”.

Regina Duarte como Helena, em “Por Amor” (1997), cartaz do “Vale a Pena Ver de Novo” (Imagem: Divulgação / Globo)

A reapresentação de “Por Amor” chegou a se aproximar dos índices das novelas do horário nobre, caracterizando-se num dos maiores sucessos do “Vale a Pena Ver de Novo” (14h35). O folhetim das 20h foi escalado para a faixa após o êxito de “História de Amor” (1995), também de Manoel Carlos; também com Regina Duarte à frente do elenco. A Helena da vez deu o filho vivo para Maria Eduarda (Gabriela Duarte), sua primogênita, cujo herdeiro faleceu instantes após o parto. A ação, contudo, não surtiu efeito: o casamento de Helena e Atílio (Antonio Fagundes) degringolou; a união de Eduarda e Marcelo (Fábio Assunção) – já ameaçada pelas intrigas da sogra, Branca (Susana Vieira), e da ex, Laura (Vivianne Pasmanter) – também “foi pro saco”. Como de praxe até 2014, a “Sessão da Tarde” (15h40) sucedia o “Vale a Pena”; “Um Ninja da Pesada” (1997) era o cartaz do dia.

Juliana Silveira e Henri Castelli, o casal Júlia e Pedro, de “Malhação” (2002) (Imagem: Divulgação / Globo)

Bons tempos o de “Malhação” – Múltipla Escolha (17h20), então focada no casal Júlia (Juliana Silveira) e Pedro (Henri Castelli); separados pela vilãzinha Thaíssa (Bárbara Borges) e por um erro médico cometido pelo pai de Júlia, Otávio (Odilon Wagner), que acabou tirando o genitor de Pedro, César (Kadu Moliterno), de competições esportivas. A descoberta de uma testemunha do caso – uma enfermeira – acabou por afastar os pombinhos na última cena do capítulo de 23 de agosto; Thaíssa, neste momento, já estava caidinha por outro boy, Maumau (Cauã Reymond, em sua estreia na TV). Também neste capítulo, o “acordo de paz” do genro Beto (Sérgio Abreu) e da sogra “dona” Vilma (Bia Montez), para alívio de Solene (Renata Dominguez); que, dias depois, passou a reagir enciumada à proximidade do marido e da mãe.

Vladimir Brichta como Nélio, em “Coração de Estudante”, novela das 18h (Imagem: Divulgação / Globo)

“Coração de Estudante” (17h50) começou com a descoberta de Amelinha (Adriana Esteves) acerca de identidade do peão motoqueiro: Nélio (Vladimir Brichta), o “bejeto sexual” que, a esta altura, estava de namoro com Esmeralda (Ângela Vieira) – para tristeza da perua country, grávida dele. Só que Esmeralda, ainda desconhecendo os “feitos ocultos” de Nélio, resolveu organizar um brunch em homenagem a ele justo na hora das classificatórias do rodeio. Sobrou para Pedro Guerra (Bruno Garcia) montar o boi “brabo” no lugar do amigo. O promotor, pasmem, assegurou a permanência do “motoqueiro” na competição; bem como arrancou de Clara (Helena Ranaldi) uma resposta positiva para seu pedido de casamento. Azar de Edu (Fábio Assunção), ex de Amelinha que, triste ao ver a amada Clara noivar com outro e sem a guarda do filho Lipe (Pedro Malta), decidiu deixar Nova Aliança por uns dias.

Alessandra Negrini como Selma Dumont, a ensandecida vilã de “Desejos de Mulher” (Imagem: Divulgação / Globo)

No último capítulo de “Desejos de Mulher” (18h50), logo após a segunda edição dos jornais locais (18h35), Andréa Vargas deu adeus a Selma Dumont, que aproximou-se da estilista, como “marqueteira”, para destitui-la de todas as suas funções: a de “papa da moda”, a de esposa de Bruno (José de Abreu) e, posteriormente, a de mulher de Diogo (Herson Capri). O ódio que Selma nutria em relação a Andréa estava ligado à origem de ambas, filhas de Isaura (Miriam Pires): entregue à adoção pela mãe, Andréa foi mais feliz, financeiramente falando, do que Selma. Antes do “fim”, a vilã redimiu-se de suas ações ao tomar o tiro que Bruno guardou para a heroína; o mau-caráter também foi ferido mortalmente. Já Júlia se entendeu com Chico Maia (Eduardo Moscovis), seu “desafeto profissional”. A cena final se deu na mansão de Ariel (José Wilker), par romântico do divertidíssimo Tadeu (Otávio Muller).

Reynaldo Gianecchini e Maria Fernanda Cândido, os primos Toni e Nina, de “Esperança” (Imagem: Divulgação / Globo)

Em seguida, o “Jornal Nacional” (20h00) e, de novo, o falatório político. Às 21h20, “Esperança”, aposta quase certa da Globo e de Benedito Ruy Barbosa que, por inúmeros fatores, deu errado. Os bastidores tumultuados acabaram por comprometer a qualidade da obra – que, a esta altura, ainda estava incólume aos dissabores de fora do estúdio. Maria Fernanda Cândido encarnava Nina, a operária que, por reivindicar melhores condições de trabalho, e por resistir ao assédio do patrão Humberto (Oscar Magrini), acabou na cadeia. A defesa da moça coube ao amado José Manuel, o “Murruga” (Nuno Lopes), e ao primo Toni (Reynaldo Gianecchini). Este último estava na mira de Martino (José Mayer), que suspeitava de encontros clandestinos de sua esposa, Maria (Priscila Fantin), com o escultor; os dois foram namorados, antes da vinda do italiano Toni para o Brasil e do casamento dele com Camille (Ana Paula Arósio).

Cláudia Raia “na pele” de Engraçadinha, protagonista da minissérie homônima (Imagem: Divulgação / Globo)

Sérgio Chapelin ancorava o “Globo Repórter” (22h35); já a segunda linha de shows, às 23h40, foi sacrificada por conta do “Horário Político”. Sobrou então para “Engraçadinha Seus Amores e Seus Pecados”, minissérie de 1995, baseada na obra de Nelson Rodrigues. E foi “em comemoração aos 90 anos” do dramaturgo que “Engraçadinha” ganhou repeteco, a partir da terça-feira (20) daquela semana. Em cena, Alexandre Borges, Ângelo Antônio, Cláudio Corrêa e Castro, Paulo Betti e Pedro Paulo Rangel, além de Alessandra Negrini e Claudia Raia dividindo a personagem-título. Posteriormente, a produção, reapresentada também durante o período eleitoral em 1998, voltou ao vídeo no Canal Viva em duas ocasiões (2010 e 2012).

Ana Paula Padrão - Jornal da Globo
Ana Paula Padrão à frente do “Jornal da Globo” (Imagem: José Paulo Cardeal / Globo)

De volta à série “dissidentes globais”, temos Ana Paula Padrão, então à frente do “Jornal da Globo” (0h25), eventualmente substituída por William Waack; este último esteve, recentemente, em entendimentos com a Band, atual morada de Ana Paula. E Jô Soares, que, naquela noite, recebeu um repórter fotográfico, uma promotora e um professor de ginástica no “Programa do Jô” (0h55). Encerrando a noite, o “Intercine” (2h25) – “Drácula de Bram Stoker” (1992) e “Um Vampiro no Brooklyn” (1995) disputaram a preferência do público na noite anterior. O resultado… Fico devendo.

Você também pode relembrar a grade da Globo em 23 de agosto de 2002 através do meu canal no YouTube! Os vídeos, porém, não correspondem necessariamente ao conteúdo do dia, exceto pelo último capítulo de “Desejos de Mulher” e a cena de “Esperança”.

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Duh Secco é “telemaníaco” desde criancinha. Em 2014, criou o blog “Vivo no Viva”, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.

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Duh Secco é  "telemaníaco" desde criancinha. Em 2014, criou o blog Vivo no Viva, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.